sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Todos os Seelig do Brasil são parentes?

Esta foi uma pergunta que também me fiz logo no começo das pesquisas. Porém até agora não encontramos qualquer evidencia de que Jacob Seelig (Schleswig-Holstein para São Vendelino/Alto Feliz) e Friedrich Seelig (Stralsund Pomerânia para Sinimbu) possuiam algum grau de parentesco.

Apesar de ambos viverem no norte da Alemanha, nasceram a aproximadamente 350 km de distância (relativamente distante, considerando os meios de transporte da época). Além disso, uma família era católica e a outra evangélica luterana.

Por outro lado, o sobrenome Seelig não é um sobrenome comum, nem mesmo na Alemanha (uma consulta na lista telefônica revela existir mais "Silva" do que "Seelig" na Alemanha). A tradução do mesmo seria "Abençoado" ou "Bem-aventurado". Existem ainda o sobrenome Gottseelig (Abençoado por Deus), inclusive com pessoas sepultadas no cemitério de Montenegro/RS.



Ao se pesquisar o site http://worldnames.publicprofiler.org/ com o sobrenome Seelig, nota-se que existe uma concentração maior  no oeste da Alemanha, talvez por conta de ser uma região mais populosa também.
Ao chegar ao Brasil, por falta de conhecimento dos sacerdotes católicos e cartórios de registro civil (os registros da IECLB constumam ser mais exatos neste aspecto), o sobrenome por vezes foi modificado de Seelig para Selig, com supressão de um dos "e".

Existem ainda o registro de entrada de outros Seelig no Brasil, em época mais recente, com visto de turistas, mas não se sabe se permaneceram no Brasil ou não (ver em www.familysearch.org) 

A Família de Jacob Seelig e Fillippina Gehan

Em ordem cronológica, a segunda família Seelig a desembarcar no Rio Grande do Sul foi a família de Jacob Seelig e Fillippina Gehan, vindos de Schleswig-Holstein. A família, a época da chegada ao Brasil, era formada por:

  • Jacob Seelig: 42 anos;
  • Fillippina Westhofer Balt Gehan: 38 anos;
  • Catharina Seelig: 18 anos;
  • Franciska Seelig: 14 anos;
  • Sybilla Seelig: 06 anos;
  • Peter Seelig: 05 anos;
Considerando o local de onde vieram, provavelmente eram falantes do Plattdeutsch (Baixo Alemão - dialeto germânico, que resguarda fortes semelhanças com o holandês, por terem origens em comum).

Estes Seelig, diferentemente da família de Friedrich Seelig instalada na Colônia de Santa Cruz do Sul, era católica.

Chegaram ao Brasil em 08 de fevereiro de 1859 via porto de Rio Grande/RS, a bordo do Vapor Continentista, e se dirigiram para a Colônia Santa Maria de Soledade, hoje região norte de São Vendelino (Santa Clara)/Alto Feliz, em direção a Carlos Barbosa. Percorremos todos os cemitérios daquela região (em torno de 40) mas não conseguimos localizar as sepulturas destes imigrantes. Conforme relato de moradores antigos da região, muitos dos antigos cemitérios foram destruídos e transformados em plantação, ou simplesmente abandonados até a total destruição.

No Brasil o casal Jacob e Fillippina tiveram ainda outros três filhos, a saber:

  • Maria Elena Seelig, nascida em 1860 (colônia Santa Maria de Soledade);
  • Gertrud Seelig, nascida em 1865 (colônia Santa Maria de Soledade); e
  • Izabel Seelig (colônia Santa Maria de Soledade), com data de nascimento ainda desconhecida, mas sabe-se que foi antes de 1871.
Jacob Seelig era filho de Miguel Seelig e Eva Cleman, e Fillippina era filha de Johann Gehan e Rosina Balt.

Não se localizou o registro do óbito de Jacob Seelig, mas sabe-se que foi antes do ano de 1881 na colônia Santa Maria de Soledade. De igual modo, ainda não se sabe a data exata do facelimento de Fillippina Gehan.

Como comecei a pesquisar as famílias Seelig no Brasil

No ano de 2002 conheci em minha cidade natal, Londrina/Pr, uma linda moça de olhos verdes, que 11 meses depois viria se casar comigo. Minha esposa é natural de Passo Fundo/RS. Orfã de Pai, conheci somente sua mãe antes de nosso casamento. Seu pai, havia falecido ainda em sua infância, não tendo ela por isso convivido com ele. Apesar de ela não ter o sobrenome Seelig (pois foi registrada somente em nome de sua mãe), esta foi a maneira como primeiramente tive contato com o sobrenome Seelig.

Apaixonado por genealogia, enquanto fazia minhas pesquisas a respeito de minhas raízes, me propus a ajudar minha esposa e fazer a dela também. Este blog é parte deste resultado. Foram várias viagens ao RS para buscar dados, além de incontáveis horas pesquisando nos registros civis e eclesiásticos (Católico e Luterano).

O objetivo deste blog é disseminar os resultados das pesquisas que tenho feito, compartilhando livremente com todos os interessados.

As Famílias Seelig no Brasil

OS SEELIG NO SUL DO BRASIL
Ocorrem o registro de entrada de duas famílias Seelig provenientes da Alemanha, que imigraram para o Rio Grande do Sul, Brasil. A primeira foi a família de Friedrich Seelig, vinda de Stralsund (Pomerânia), e a segunda foi a família de Jacob Seelig, de Schleswig-Holstein.


  1. A Família de Friedrich Seelig

Friedrich Seelig e sua família chegaram ao Brasil em novembro de 1858, em Rio Grande/RS, de onde seguiram para a Colônia de Santa Cruz do Sul, morando na localidade conhecida hoje como Linha São João, pertencente ao município de Sinimbu. Sua família era composta pela esposa Johanna Neußling e pelos filhos Friedrich Wilhelm Ludwig Seelig (Luiz Seelig) e Hermann Friedrich Seelig (Germano Seelig). A família era protestante (Evangélica Luterana).

Apesar dos registros públicos citarem somente os dois filhos do casal Seelig, registros da IECLB apontam para a existência de mais uma filha, chamada de Johanna Seelig, nascida em Stralsund (Pomerânia) em 13 de abril de 1853 (portanto chegando ao Brasil com 5 anos de idade) e falecendo em novembro de 1871 na Linha São João, portanto com 18 anos de idade, provavelmente ainda solteira pois não foi localizado qualquer registro de casamento.

Incrivelmente, as lápides dos imigrantes Friedrich e sua esposa Johanna, e de seu irmão Hermann e sua esposa Juliane Jackisch, ainda se encontram no cemitério Evangélico daquela localidade. Abaixo estão as fotografias das lápides. A lápide de Hermann traz inclusive uma foto sua.






Conforme dados coletados nos registros a que tivemos acesso, bem como as informações constantes nas lápides localizadas, conclui-se que ao chegar ao Brasil Friedrich tinha 41 anos de idade, Johanna 47 anos, Luiz 12 anos e Germano 07 anos.

Ao chegarem a Sinimbu (na época Colônia de Santa Cruz do Sul), receberam o lote exatamente ao lado da Igreja Evangélica. Na foto abaixo pode-se ver a igreja juntamente com parte do cemitério e do lote da família de Friedrich Seelig.


Como parte da tradição, no cemitério da Linha São João, as lápides estão voltadas para o Leste (nascer do sol, nova vida, ressurreição, etc).

Existem ainda o registro de entrada de mais um indivíduo Seelig na Linha São João, porém, até agora não encontramos a ligação dele com a família de Friedrich Seelig. Seu nome é Johann Friedrich Jacob Seelig, nascido em 13 de janeiro de 1817 em Prusdorf, também na Pomerânia, e falecido em 12 de Janeiro de 1898 na Linha São João, por causas da idade (a distância entre Prusdorf e Stralsund é de cerca de 45 km, conforme Google Earth). Ao se julgar pela idade, possivelmente Johann era irmão de Friedrich.  

Luiz Seelig (Friedrich Wilhelm Ludwig Seelig) se casou na Linha São João, aos 26 anos de idade, com Johanna Friederike Christiane Müller em 18 de outubro de 1872. Johanna Müller nasceu em 09 de maio de 1849, também em Stralsund (Pomerânia) e faleceu em 09 de julho de 1926, em Santa Cruz do Sul. Seus pais eram Georg Friedrich August Müller e Johanna Dorothea Burmeister. Cinco anos após o falecimento de seu marido (ocorrido em 1888), Johanna casa-se novamente com Friedrich Siegert em 1893. 

Apesar de boa parte dos Seelig haverem saído de Sinimbu, ainda é possível encontrar muitos de seus descedentes, não somente em Sinimbu, como também nas cidades vizinhas como Santa Cruz do Sul e Vera Cruz.